RESENDE,RJ Entrevista Especial com José Rechuan
> Nos últimos tempos, o senhor e sua família, em momentos pelas redes sociais, aparecem em viagens de férias. O senhor e sua esposa fazem questão de manter a união da família a maior parte do tempo?
José Rechuan: Sim, quem é do meu convívio sabe que a família está sempre em primeiro lugar, é a base para que possamos realizar o que precisamos com tranquilidade, sou casado desde 1995 com a Paula, somos médicos e temos uma vida intensa há anos, a decisão de morar em Resende, foi baseada na certeza que manteríamos contato com nossos filhos, cuidaríamos pessoalmente da educação e estudo deles, e apesar de toda a carga de trabalho conseguimos, mesmo quando fui Prefeito e ela Deputada Estadual.
> Falando um pouco da política nacional, como o senhor espera que seja o Brasil nos próximos anos?
José Rechuan: Em relação a política nacional, todos sabem que não votei no atual presidente e expliquei os motivos em um vídeo postado nas minhas redes sociais, o fato se deve ao estado econômico criado pelo atual grupo, que dizimou empregos, aumentou a inflação, derrubou o PIB, aumentou da criminalidade, a corrupção sistêmica, deteriorou as instituições e a credibilidade, fatos graves e não observados desde a redemocratização, tudo culminando com prisões, condenações e uma presidente deposta, nada daquilo foi bom. Porém, sempre torço pelo Brasil, espero que melhore sempre, que mantenha as medidas econômicas que estão dando resultado, para que possamos crescer com responsabilidade social, pois não há maior justiça social que a garantia de emprego.
> E no caso do Estado do Rio, que vem vivendo um bom momento de recuperação econômica, quais as suas perspectivas sobre o atual Governo de Claudio Castro?
José Rechuan: O Rio de Janeiro, infelizmente, viveu muita turbulência em relação aos mandatários, porém, preciso salientar que o atual momento econômico é resultado das mudanças realizadas na Recuperação Fiscal do Governador Pezão, foi um momento difícil, leis duras eram votadas sob exploração política, pessoas que entenderam a necessidade da aprovação, sabiam que era a única saída para a economia do Rio de Janeiro e simplesmente criavam situações desagradáveis com a imprensa para ter cinco minutos de fama. Minha esposa {Dra. Ana Paula Rechuan} foi Deputada Estadual nesta época. Ela sabia da sua responsabilidade, acompanhava os temas solicitados pelo Governo e alguns deles eram aprimorados e votados. O momento atual, o Governador Cláudio Castro vem pacificando a política do Rio de Janeiro, realizando obras em quase todo o estado, muito dessa receita, acredito ser oriunda da venda da Cedae, o que faz crescer o Estado com responsabilidade. Tem muitos desafios pela frente, mas entendo que esteja no caminho certo.
> Para quem não se recorda, quais foram os principais pontos em seus dois mandatos como prefeito de Resende?
José Rechuan: Bom, fui prefeito de 2009-2016, foram várias conquistas, mas a primeira delas foi de um veículo para remoção de cadáveres (conhecido como Rabecão), imagine que uma pessoa morta em via pública ficava horas sem a remoção, gerava um sentimento muito ruim a população e um sofrimento dobrado aos familiares da vítima. Tempos após, foi inaugurado o IML que trouxe respeito aos parentes de pessoas falecidas, e solucionou totalmente essa situação, inclusive em investigação de crimes na nossa cidade. Ainda neste tema, a Dra Ana Paula, criou uma rede de proteção às mulheres vítimas de estupro na cidade. Um tema que estava muito desorganizado e a mulher era exposta a um sofrimento ainda maior, durante o exame médico e corpo de delito. Então tudo foi sistematizado, a mulher vítima de abuso passou a ser assistida por profissionais da saúde que trabalhavam na APMIR, quando uma ginecologista examinava com segurança e dignidade e a mulher recebia apoio psicológico, medicamentos para evitar doenças sexualmente transmissíveis e depois continuava o tratamento com as medicações sendo entregues na residência. No âmbito da Saúde Pública refizemos toda a rede de atendimentos com médicos, dentistas, equipe de enfermagem e agentes comunitários, conquistamos a UPA tipo III, com a maior capacidade de atendimento, ampliamos o hospital de emergência com a criação do Hospital da Criança.
> Sobre essa questão, do Hospital da Criança, houve uma mudança drástica nesse segmento na cidade né?
José Rechuan: Sim. Bem colocado. Drástica para melhor. Foram resolvidos desde então dois problemas importantes na nossa cidade: o primeiro, um atendimento digno e hospitalar na Grande Alegria {maior conjunto de bairros de Resende, onde vivem mais de 60% da população da cidade} e outro o problema da pediatria. Quem tinha filho pequeno naquela época sabia o sufoco de ser atendido por pediatra, isso ficou para trás. Inauguramos também o pronto atendimento no Grande Paraíso, que atendeu com mais agilidade e segurança os moradores das Barras, São Caetano e Engenheiro Passos, incluindo ali o SAMU, também conquistado para nossa cidade, a Tomografia Computadorizada também chegou por emenda parlamentar e foi um marco no atendimento e suporte a médicos e pacientes do Hospital de Emergência, fomos vencedores de prêmios estadual e nacional de saúde bucal, pelo CFO (Conselho Nacional de Odontologia) tratamos desde cárie infantil até implante dentários, inauguramos vários atendimentos odontológicos com CEO (Centro de Especialidades Odontológicas)e junto com a educação criamos a Fábrica de Óculos, que modificou o ensino na nossa cidade, imagine que 70% em uma sala de aula, os alunos do ensino básico tinha problemas de visão e por isso não aprendiam o que deveriam aprender e as consequências disto era o abandono de sala de aula. Na educação criamos o sistema de segurança em escolas, aprovadas pelo conselho de segurança, tínhamos um dispositivo eletrônico na porta das escolas que avisava aos responsáveis a hora que a criança entrava e saia, detectores de metais e câmeras de segurança, isso devido a problemas de invasão de meliantes e tentativa de entrar com drogas nas escolas, realizamos a implementação de lousas digitais, ar condicionado nas sala de aula, bem como tínhamos sempre atividades para os estudantes no contraturno escolar, resultado, melhoria das notas no IDEB. Na área do turismo nos debruçamos em infraestrutura, culminou na Estrada Parque e Aeroporto da Cidade com pouso e decolagem de aviões (Trip), além de diversos programas junto a secretaria de esportes como balonismo, skate, corrida nas montanhas, Parapente e vários circuitos nacionais e internacionais foram realizados aqui, por falar em esporte vale recordar que entre os atletas que estavam em nossa rede, saiu de nossas piscinas um nadador que foi para as últimas olimpíadas, outro para o Ballet Bolshoi, prova que as políticas públicas precisam ser voltadas para a vocação dos nossos atletas. Também criamos o projeto Gente Eficiente, deu dignidade aos portadores de necessidades especiais, dividimos a atenção com as mães, atendemos pessoas com autismo, tudo com muito acolhimento e carinho. Entre muitas realizações destaco a mudança no trânsito de nossa cidade, naquela época, um grande desafio, transformar ruas em avenidas coma cidade em pleno movimento, valorizamos conselhos públicos, enfrentamos problemas sérios com a limpeza urbana e a violência, seguidas vezes referência para outras cidades nestes temas. Separo ainda o Instituto Nacional Tecnológico (Escola Técnica Federal), a ampliação do Senai e leis que trouxeram grande desenvolvimento ao turismo, comércio e indústria, tudo culminou com a chegada da Nissan. Certo que tudo foi realizado ouvindo a população, desenvolvido por técnicos e o resultado foi o traduzido em números que nos levou a ser a melhor cidade em desenvolvimento no Estado do Rio de Janeiro em 2013, Prefeito Empreendedor primeiro lugar estadual e nacional, e Prefeito Amigo de Criança primeiro lugar nacional em 2014. Lógico que teríamos muito mais o que recordar, mas dá pra ter uma noção da transformação da nossa cidade.
> Após os oito anos como prefeito de Resende, o senhor se afastou publicamente da vida política e não fez oposição cerrada com o atual governo. Por que essa decisão?
José Rechuan: Bom, essa é uma pergunta importante. Primeiro sou médico Coloproctologista e a vida pública fez diminui minhas atividades médicas, mas não as abandonei, durante meus dois mandatos, então, após meu retorno, me dediquei a vida médica com meu retorno pleno aos hospitais e consultórios. Tive a realização do meu Mestrado e mais uma pós-graduação no Einstein em Cirurgia Robótica, como sabem, me dedico sempre com muito afinco. Mas assim que terminou meu mandato, fui convidado e fui para o Hospital Regional (Zilda Arns) que fica em Volta Redonda, comandado pelo governo do Estado. Meu desafio naquele momento preparar o Hospital para que ele fosse aberto e conseguimos fazer isso num momento muito importante que foi a pandemia. Hoje sou professor da Universidade de Vassouras em Oncologia, então com isso, minhas aparições foram diminuídas no cenário político. Em relação a oposição cerrada, não é o caso, primeiro, o Dr Diogo foi diretor do Hospital de Emergência no meu Governo, realiza um bom trabalho na saúde de Resende, desenvolveu tudo que havia deixado. Pela primeira vez, um prefeito em nossa cidade não abandona o trabalho do seu antecessor. Então qual o motivo da oposição? Como disse, sempre espero que as coisas melhorem, a cidade não ganharia nada com isso. Quando fui prefeito, meus opositores ficavam bolando uma fábrica de processos para manchar a imagem de um gestor público. Para que isso? O que as pessoas ganharam? A cidade melhorou? A cidade depois dos meus mandados, acredito ter amadurecido e o importante é gastar energia com o que vai dar certo, deixar de lado brigas políticas desnecessárias e focar no seu desenvolvimento. Esta minha decisão foi pensando no bem de Resende, em uma Cidade melhor.
> Mas como o senhor vê hoje a cidade de Resende dentro do cenário Estadual?
José Rechuan: Como disse, a cidade amadureceu e está pronta para outros voos. Resende é respeitada, tem uma infraestrutura que raramente encontramos em outras cidades, muito se deve pela excelência de seus funcionários públicos que são diferenciados e capacitados para quaisquer desafios, mas precisamos eleger mais representantes, como tínhamos dois deputados estaduais e um federal de nossa região {Agulhas Negras}, precisamos alinhar com as cidades irmãs, a nossa relação com o estado, que foi boa e continua por tudo isso.
> Mas Resende enfrenta atualmente alguns sérios problemas. Um dos principias é a violência que vem crescendo assustadoramente e sem controle. Principalmente no confronto entre as gangues? Ao que o senhor credita esse momento difícil que a cidade vive?
José Rechuan: O tema violência é muito complexo. Não existe apenas um fator causal, mas vários. Acredito que estimular o respeito dentro de casa e preservando a qualquer custo a família, dar assistência a pessoas em situação de vulnerabilidade social, estimular a criança a estar na sala de aula e promover a volta daqueles que abandonaram, ocupar espaços públicos com eventos dos mais diversos propósitos aceitáveis, manter o combate as drogas e outros vícios, estruturar conselho de segurança com órgãos afins e óbvio, a relação técnica e política estreita com o Estado, visando implementar políticas públicas que pacifiquem nossa Cidade. São ações que, no meu ponto de vista, são fundamentais nessa questão.
...Pensamento... “Uma mensagem, respondendo sobre 2024, é que sou religioso e quero que Deus abençoe sempre minha cidade e a decisão sobre minha vida política. No momento, me mantenho com médico frequentando clinicas e hospitais, dando o melhor que posso aos meus pacientes e alunos.” José Rechuan-Médico e ex prefeito de Resende
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