RIO DE JANEIRO, RJ Exclusivo: Entrevista com Governador Claudio Castro / Por Adriano Lizarelli, Jornalista Especialista em Ciências Políticas e Editor Chefe da Revista Acontece Interior / Com fotos de Carlos Magno
“...Somente no ano passado, a perda de arrecadação foi de cerca de R$ 5 bilhões em combustíveis, energia elétrica e telecomunicações...” “...é urgente a revisão do regime e já iniciamos esse diálogo com o Ministério da Fazenda...”
O Governador revelou também a difícil situação que herdou no final de 2020: “Faltavam R$ 6,2 bilhões em caixa para finalizar os compromissos daquele ano”
E mostrou otimismo com dados e resultados que indicam que o Rio, está voltando a ocupar seu lugar de destaque no cenário nacional: “...nosso Estado está vivendo uma onda inédita de otimismo para o desenvolvimento. Nossas ações estão mostrando que, sim, é possível se ter mais empregos, mais saúde, mais educação, mais saneamento básico e mais transporte de qualidade...”
- O senhor assumiu o novo mandato em um momento de oscilações na arrecadação. Como está esse tema atualmente e as perspectivas a curto e médio prazos?
Gov. Claudio Castro: O primeiro grande desafio foi a permanência do Rio de Janeiro no Regime de Recuperação Fiscal (RRF). Na época (agosto de 2020), o Estado penava com uma das maiores crises de sua história, agravada pela pandemia. Faltavam R$ 6,2 bilhões em caixa para finalizar os compromissos daquele ano. A não aceitação do Plano de Recuperação Fiscal, que entregamos em outubro de 2021, representaria um impacto negativo imediato de R$ 42,8 bilhões nas contas públicas. Isso inviabilizaria o caixa e colocaria em risco o pagamento em dia do funcionalismo e fornecedores, e o Pacto RJ, maior programa de investimentos já criado no Estado, com mais de 50 ações em diversas áreas. A reconstrução de um Estado forte passou a ser assegurada graças a um trabalho conjunto de todas as áreas do nosso Estado e à aceitação do Plano de Recuperação Fiscal, em junho de 2022. O plano foi construído, porém, com base em uma estimativa de receita, frustrada com a redução do ICMS por conta de leis federais. Somente no ano passado, a perda de arrecadação foi de cerca de R$ 5 bilhões em combustíveis, energia elétrica e telecomunicações. Diante disso, é urgente a revisão do regime e já iniciamos esse diálogo com o Ministério da Fazenda. Estive, em março, com o ministro Fernando Haddad para tratar do assunto. Também entreguei ao ministro a Carta dos Governadores, apresentada na sétima edição do Consórcio de Integração Sul e Sudeste, que aconteceu no mês passado no Rio. O documento reforça a necessidade da renegociação da dívida dos estados com a União. Para se ter uma ideia, Sul e Sudeste são responsáveis por 70% do PIB e compõem 93% da dívida pública (R$ 630 bilhões). Isso precisa ser discutido.
- De forma geral o Estado do Rio avançou bem em vários aspectos no mandato passado. Esse é um caminho duradouro? Como o senhor vê o Rio de Janeiro para os próximos anos?
Gov. Claudio Castro: Estamos no caminho certo do desenvolvimento. Vivemos um período promissor e os números endossam nosso otimismo. Após o crescimento de 4,1% do PIB em 2021, fechamos o ano de 2022 em segundo lugar no ranking nacional de empregos formais. O Réveillon foi um sucesso, alcançando 98% de ocupação hoteleira na capital e 91,71% no interior, segundo o HotéisRIO. Um fôlego para o setor turístico, que já representa 5,49% do PIB do Estado. Queremos atingir até 12% nos próximos 10 anos. A recuperação da imagem do Rio como destino seguro é resultado do alto investimento, da ordem de R$ 1 bilhão, nas forças de segurança. A atenção ao empreendedorismo colocou o Rio em 3º lugar no ranking nacional de abertura de novos negócios, com 67.173 novas empresas em 2022. Mais 194 mil empregos formais (4,8% a mais que o ano anterior) foram criados, segundo o Caged. O resgate dos grandes eventos são o diferencial deste novo momento. Voltamos a realizar um dos maiores eventos do calendário esportivo: o Rio Open, que movimentou R$ 130 milhões. Em agosto, o Estado receberá a Gymnasiade, a maior competição escolar do mundo, que vai ocupar equipamentos dos Jogos Olímpicos de 2016. Entre setembro e outubro, vamos sediar o Pré-Olímpico de Vôlei Masculino, no Maracanãzinho. E vislumbramos novos horizontes: para 2025, o Estado lançou sua candidatura à Copa do Mundo de vôlei de praia.
* O senhor organizou seu novo secretariado e, no meio do caminho, houve alguns ajustes. Chegando ao final desses quatro primeiros meses, já é possível dizer que sua equipe está como o senhor esperava inicialmente?
Gov. Claudio Castro: O segundo mandato é um marco para posicionar o Rio de Janeiro como um grande ator global novamente. Nos próximos anos temos novos e imensos desafios que requerem união de esforços. Sempre que houver necessidade, faremos ajustes, com o objetivo de aprimorarmos cada vez mais o trabalho em prol do cidadão fluminense. Isso é salutar, é normal. Os secretários, secretárias, diretores e presidentes de órgãos estaduais, sabem que muito trabalho nos aguarda. Toda nossa equipe sabe que o Rio melhorou, isso está claro, mas não significa que nossa missão foi totalmente cumprida. O Rio precisa sempre de mais entregas e nos esforçamos para isso todos os dias.
INTERIOR:
- O senhor sempre deu destaque e importância ao interior do Estado. Nesse sentido, o que essas outras regiões, além da metropolitana, podem esperar para os próximos anos?
Gov. Claudio Castro: Só nos cem primeiros dias de governo, concluímos 17 projetos, totalizando investimento de R$ 255 milhões. Diversas estradas tiveram a revitalização concluída, em Duque de Caxias, Valença, Italva, Angra dos Reis, Friburgo, Teresópolis, Santa Maria Madalena, Paraty, Rio das Flores e Barra Mansa. Além disso, 30 ações entraram em execução, somando cerca de R$ 600 milhões. No momento, além da atenção especial para o turismo em todo território fluminense, buscamos caminhos para a reindustrialização do Estado, alinhados com as políticas nacionais de desenvolvimento industrial e com a economia verde, inserindo o Estado no contexto dos conceitos da indústria 4.0, da transformação digital, com o objetivo de consolidar uma indústria moderna e competitiva. Mais de R$ 100 bilhões em investimentos privados e públicos estão em andamento no Estado, que é sede do maior empreendimento privado da América Latina: o Porto do Açu, que inaugurou a primeira usina termelétrica em 2021 e ganhará a segunda até 2025. Nossa expectativa é de movimentar mais de US$ 60 bilhões no setor de petróleo e gás nos próximos 5 anos.
...Pensamento... nosso Estado está vivendo uma onda inédita de otimismo para o desenvolvimento. Nossas ações estão mostrando que, sim, é possível se ter mais empregos, mais saúde, mais educação, mais saneamento básico e mais transporte de qualidade. Por isso temos buscado a união de forças políticas, devolvendo a confiança do povo fluminense, que precisa e merece um futuro melhor, mais próspero, com mais qualidade de vida. Esperamos avançar mais em novas conquistas ao longo dos próximos anos. Para isso, esperamos continuar contando com a confiança e apoio de todos nessa missão. Temos muitas oportunidades a serem exploradas. Em Londres, onde participamos de agendas com empresários e investidores mundiais, buscamos parcerias importantes. Uma delas com a bp Energy, um dos mais importantes grupos de energia do mundo. Maior produtor de gás natural do país, com 73% da produção nacional, o Rio de Janeiro se consolida como hub energético. Convidamos representantes da bp Energy para conhecer os projetos do Porto do Açu. Esperamos fechar, em breve, novas parcerias com a empresa, o que será fundamental para transformar o Rio em um dos maiores polos de energia do país. Lembrando que já temos forte atuação no setor. Elaboramos mapas sobre o potencial de geração de energia limpa para atração e implementação de projetos. São 12 plantas de produção. Essa é apenas uma das vertentes de desenvolvimento que almejamos para o interior. Claudio Castro – Governador do Estado do Rio de Janeiro
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