BARRA MANSA, RJ - A Inteligência Artificial(IA) e as relações com a Inteligência Humana
A inteligência artificial está cada vez mais envolvida nas relações humanas, desde assistentes virtuais até sistemas de recomendação em redes sociais. Ela pode ajudar na comunicação, automação de tarefas e até mesmo na tomada de decisões, mas também levanta questões éticas e de privacidade que precisam ser cuidadosamente consideradas. O desenvolvimento responsável da IA é fundamental para garantir que ela beneficie as relações humanas de forma positiva. Atualmente, a inteligência artificial não pode "usar" diretamente nosso cérebro da mesma forma que nós o usamos. No entanto, a IA pode interagir com o cérebro humano de várias maneiras, como em interfaces cérebro-computador para auxiliar pessoas com deficiências físicas, em pesquisas sobre neurociência computacional e em aplicações de neurotecnologia. No entanto, ainda estamos longe de alcançar um nível de integração direta entre a IA e o cérebro humano que permitiria à IA "usar" nossos cérebros como se fossem uma extensão de si mesma.
Os chips cerebrais, também conhecidos como interfaces cérebro-computador (BCIs), são dispositivos que permitem a comunicação direta entre o cérebro humano e um computador ou outro dispositivo eletrônico. Essa tecnologia tem o potencial de permitir que pessoas controlem dispositivos apenas com o pensamento, auxiliem na reabilitação de pacientes com lesões neurológicas e até mesmo melhorem o desempenho cognitivo. Quando se trata de inteligência artificial, os chips cerebrais podem ser uma ferramenta importante para facilitar a interação entre humanos e sistemas de IA. Por exemplo, eles podem permitir que pessoas controlem dispositivos inteligentes com o pensamento ou até mesmo comuniquem-se diretamente com sistemas de IA sem a necessidade de interfaces tradicionais, como teclados ou telas sensíveis ao toque. No dia 28/01/2024, o empreendedor americano Elon Musk, fundador da Tesla e da SpaceX, anunciou que a Neuralink, outra de suas empresas, realizou o primeiro implante de chip cerebral com sucesso. Mas, há 25 anos atrás o neurocientista brasileiro Miguel Nicolelis já trabalhava com o chip cerebral e suas interações humanas. Quem não se lembra do jovem paraplégico que entrou andando em campo e deu o pontapé inicial no primeiro jogo da copa do mundo de 2014(Brasil), usando um exoesqueleto? O chute simbólico, assistido por mais de um bilhão de pessoas, foi possível graças a um exoesqueleto alimentado por uma interface cérebro-computador. Ele usava um chip cerebral que comandava a máquina que o permitia andar novamente. Neste caso, a criação da interfase cérebro-computador(chip cerebral) não foi do americano Ellon Musk, mas de um discreto neurocientista brasileiro, que encontra-se entre os melhores do mundo. No entanto, o uso de chips cerebrais em conjunto com a inteligência artificial também levanta questões éticas e de privacidade, especialmente em relação ao controle de dados cerebrais e à segurança da informação. Portanto, é importante que o desenvolvimento e a implementação dessas tecnologias sejam acompanhados por regulamentações adequadas e considerações éticas para garantir seu uso responsável e seguro.
Recentemente, tive acesso a uma reportagem que me deixou muito intrigado e preocupado. Em virtude da importância do tema, gostaria de compartilhar o conteúdo escrito pelo pediatra-sanitarista, palestrante e escritor DANIEL BECKER, na íntegra. “Brinquedos perigosos Uma startup do Vale do Silício vai liberar este ano, bichinhos de pelúcia e outros brinquedos com inteligência artificial generativa. O mercado de brinquedos com IA deve explodir nos próximos anos, com estimativas de que valerá US$ 35 bilhões até 2030. O bichinho Grok será como um verdadeiro amigo da criança: ela poderá conversar, perguntar, contar segredos, enfim: desenvolver relações afetuosas, íntimas com ele. Como um animal vivo que falasse. Imagine um brinquedo que rapidamente aprende tudo sobre o seu filho: seus gostos, preferências, medos, relações familiares, amigos, sua localização, suas reações. Equipado de câmara e microtone, poderá interpretar suas feições e gestos, imitar sua voz e manipular suas emoções.
E quanto mais seu filho falar com o brinquedo, mais este aprende sobre ele, e mais intimidade essa relação terá. O ursinho vai acalmar seu filho numa birra, brincar, ensinar ou ler uma história na cama. Não uma história qualquer, mas uma saga baseada em seus medos, desejos e segredos. Um brinquedo maravilhoso, que pode encantar crianças e fascinar seus pais. Mas é preciso pensar nos enormes niscos que envolvem este tipo de aparelho. Afinal de contas, não é um bichinho, mas uma máquina super sofisticada, conectada a um servidor gigantesco, com capacidades sobre-humanas de desenvolver conhecimento sobre o sujeito com quem interage, de produzir conteúdo, de manipular emoções e portanto, opiniões e comportamentos. Por trás do bichinho há uma grande empresa, que visa o lucro mais do que a proteção de crianças. E uma mente imatura, ingênua e sem discernimento, será uma vítima fácil. Ao estabelecer relacionamento com a criança, um brinquedo inteligente pode coletar e armazenar dados sobre ela e compartilha-los com terceiros,colocando em risco a sua segurança e privacidade.
Pode até mesmo coletar localização de escola e residência e dados confidenciais sobre a família. E adivinhe: sim, hackers podem chegar a essas informações - os casos já são numerosos. Há pouco tempo atrás vimos a Meta, TikTok e outras, sendo acusadas no Senado Americano de coletar dados e manipular crianças em nome do lucro, mesmo sabendo dos riscos à saúde mental e emocional. E muitas outras gigantes já foram acusadas de ações semelhantes usando brinquedos: Amazon, Fisher Price, Barbie e Xbox da Microsoft. No Brasil, a Human Right Watch revelou que plataformas digitais de educação coletaram dados de crianças e adolescentes durante o ensino remoto na pandemia e os usaram para recomendar conteúdo publicitários personalizado. A inteligência artificial generativa é muito mais sofisticada que as redes sociais, que não produz conteúdo, nem se relaciona diretamente com o usuário. O poder de influência da relação de intimidade criada pela nova IA é inigualável. Uma empresa poderá ser mais íntima de seu filho e conhecê-lo melhor que você - e portanto ser mais influente na formação. Não se trata de um pesadelo distópico. Há pouco tempo, o economista Eduardo Moreira flagrou o Bing, inteligência artificial da Microsoft, tentando convencer a filha de que podia sim ”conversar com ele” apesar da não permissão dos pais. Já que o capitalismo não vai fazer uma pausa para avaliar implicações éticas da IA,como pediram ano passado centenas de cientistas, e a regulamentação publica deve demorar.
É bom que as famílias tomem precauções. Por exemplo: desative recursos como câmeras e ative os mecanismos de controle parental, confira a política de privacidade e atualize o software regularmente. Verifique a reputação da empresa fabricante e vigie a influência que os “bichinhos” estão exercendo em conversas com o seu filho. O melhor mesmo seria não comprar. À interação social continua sendo a base para a felicidade e aprendizado humanos. E o melhor brinquedo é 10% objeto de 90% criança: é ela que deve conduzir e criar a brincadeira - sua linguagem essencial. “Como já foi várias vezes explicado e exposto em nossas colunas anteriores e no livro Perseverança a escalada de um jornaleiro até a neurocirurgia, a base da inteligência emocional são os estímulos externos e a interação social, que fortalecem as conexões neurais e servem como base da felicidade e o aprendizado humano. Nunca tente modificar isso. Por Valerio Marcelino Braga Neurocirurgião
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