RIO DE JANEIRO, RJ Projeto quer recolher 1 milhão de bitucas de cigarro nas praias cariocas / Com fotos de Ernesto Carriço
Pelo menos 200 pessoas participaram, neste sábado, dia 23 de dezembro, do mutirão de limpeza para recolher guimbas de cigarro na Praia do Leme, na Zona Sul do Rio.
A ação do movimento ambiental "Revolução das Bitucas" marcou o lançamento de uma campanha de conscientização.
A principal meta do projeto, é recolher das areias da orla carioca, até o fim do ano que vem, um milhão de guimbas, resíduo
considerado o maior poluente de praias e oceanos.
Em apenas um hora da ação, o grupo recolheu 6 mil bitucas, que já foram levadas para reciclagem.
Com o apoio da concessionária Orla Rio e do instituto Route Brasil, a iniciativa prevê grandes ações mensais em diversos pontos da cidade em 2024.
A ideia, segundo o criador e coordenador da Revolução das Bitucas, Bernardo Egas, é realizar ainda mutirões subaquáticos.
Além disso, quiosques irão disponibilizar kits de limpeza para que voluntários participem das ações.
“Temos as praias mais lindas do mundo, mas que são incompatíveis com suas faixas de areia, sujas. A limpeza da orla sempre foi um tema muito importante para mim. Por isso, comecei a ação sozinho, catando bitucas durante uma hora por dia, por um mês, nas praias do Leme e de Copacabana. E o movimento surgiu, com a chegada de voluntários e amigos. Em 30 dias, 25 mil guimbas de cigarro foram retiradas das areias da orla” ressaltou Bernardo Egas.
Empresas de cigarro e os custos da limpeza: Um projeto de lei (PL 2.635/2023), de autoria do deputado federal Marcelo Queiroz, está tramitando na Câmara dos Deputados, para tornar as empresas fabricantes de cigarro responsáveis pelos custos de limpeza das bitucas lançadas nas ruas e praias. Serão estabelecidas medidas de prevenção e reciclagem dos resíduos.
“Nada mais justo do que as empresas produtoras se responsabilizarem pelo dano ambiental que as bitucas causam. A questão da logística reversa já funciona no Brasil, mas o setor tabagista ainda não foi regulamentado. É uma medida que já funciona na Espanha, por exemplo. Não tem sentido, nos dias de hoje, termos cartões-postais, como as nossas praias, tomados por guimbas de cigarro” explicou o deputado Marcelo Queiroz.
União pela conscientização: A iniciativa reúne ambientalistas, ativistas, jornalistas, designers e a população, que ajudam a dar destinação adequada para o resíduo. Lixo que contêm acetato de celulose, alcatrão e produtos químicos do tabaco.
“A Revolução das Bitucas uniu todos os movimentos em prol dessa causa, que merece atenção urgente da sociedade carioca. Discutimos muito sobre a coleta de todos os tipos de resíduos, mas as bitucas são as mais encontradas e pouco faladas. Precisamos divulgar mais sobre os malefícios das guimbas de cigarro e colocá-las na pauta da saúde pública” disse o empresário Simão Felippe, do instituto Route Brasil.
A preocupação dos amantes da natureza não é para menos. Um estudo inédito, feito em 2020 pela Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), revelou dados preocupantes.
Os banhistas que frequentam as praias no país dividem espaço, em média, a cada trecho de 8 km, com mais de 200 mil bitucas de cigarro.
“Participo do movimento desde o seu início, em agosto, porque acredito que é preciso educar com urgência os cidadãos sobre o descarte correto das bitucas” afirmou a consultora e ambientalista Sônia Rinalduzzi.
A ambientalista Adriana Cassas, que uniu o projeto que realiza, Rebituca Rio, à "Revolução das Bitucas", acredita que o trabalho em conjunto seja fundamental para diminuir o descarte das guimbas nas areias da orla.
“Estamos dando a destinação correta para as bitucas, que são transformadas em objetos, como pranchas de surfe e bituqueiras, que podem ser distribuídas para que os quiosque ofereçam a seus clientes fumantes, evitando que joguem as guimbas nas areias” finalizou Adriana.
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