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Segunda-feira, 02 de Dezembro de 2024

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MARCELO ALMEIDA: “ASSISTIR AO MAIOR CLÁSSICO DO FUTEBOL PORTUGUÊS É UM PRAZER DENTRO E FORA DE CAMPO”

Em noite brazuca de Porto x Benfica, como a cidade do Porto, em seu maior estádio, acolhe o público antes de uma partida de números astronômicos

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PORTO, PORTUGAL Mesmo eliminado da Champions League, o Porto ainda se vangloria do dia em que o verde e amarelo roubaram a cena em campo. Na goleada histórica de 5 a 0 contra o arquirrival Benfica, quatro dos gols são de brasileiros, sendo dois deles de recém-convocados para a Seleção Brasileira de Dorival Júnior

Por Marcelo Almeida, Jornalista Correspondente Revista AI em Portugal  

Vivendo bom momento, na Liga Portugal e na Champions League, o Porto bate o rival Benfica com quatro gols de brasileiros, sendo dois deles convocados para a Seleção Brasileira de Dorival Júnior

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A torcida do Palmeiras é quiçá, a única do Brasil, que possui uma invejável regalia: dispor, nos dias de jogos, no estádio Allianz Parque, em São Paulo, de uma estrutura de um aconchegante shopping center - o Bourbon -, localizado a parcos quatro minutos da arena palmeirense. 
 
Um cenário à parte, em um país no qual a conveniência e a comodidade seguem distantes de ser uma realidade na parte externa dos estádios, e ainda se restringem tão somente às arquibancadas. 

Mesmo após o legado das modernas arenas da Copa de 2014, o que se vê do lado de fora dos estádios brasileiros é uma lástima: riscos iminentes e constantes de assaltos e conflitos entre torcedores.

É noite de domingo de garoa renitente, e dia do maior clássico do futebol português: Porto x Benfica, ou “O Clássico”, como é popularmente conhecida a maior rivalidade lusitana. 

Muito além de um embate histórico, trata-se igualmente de uma disputa entre as duas maiores cidades portuguesas: o sul representado por Lisboa, e o norte pelo Porto. 

O alvoroço típico nas redondezas é frenético. Tudo ali se resume a um mar azul e branco, as cores da camisa portista. 

Dos torcedores que se aboletam nos trailers para devorar as tradicionais bifanas (sanduíche de pão de sal com um pequeno bife fino de carne de porco, geralmente grelhado ou frito) e aos que já se dirigem à entrada da arena em imensas filas. 

De chofre, tenho uma preciosa revelação: um shopping center chamado Alameda, que fica literalmente a uma faixa de pedestres do Estádio do Dragão, da equipe do Porto. 

Basta atravessar a rua, e dar de cara com o estádio. “Quanta comodidade!”, empolgo-me. 

Daquele exato ponto, pode-se avistar a arena com os seus holofotes reluzentes, e o singular aspecto da fachada, que por ser vazada, permite-me fitar partes das arquibancadas.

Recolho-me no shopping, e passo a contemplar cada detalhe do vai-e-vem de extasiados portistas a flanar pelas sofisticadas instalações. 

Resta pouco mais de uma hora para o início do jogo, e as filas às portas de alguns restaurantes dão o tom do ambiente, que serve como um esquenta para o clássico. 

Resolvo, pois, parar em um supermercado, que está movimentado, mas nem tanto quanto os cafés. 

Na fila de um dos caixas, prestes a serem atendidos, de chapéus, cachecóis e os rostos coloridos de branco e azul, o engeheiro mecânico Carlos Ribeiro, 45, e a filha, a estudante Elisa Ribeiro, 17, se preparam para torcer pelo Porto, e esbanjam bom humor e simpatia. “Se ganhar por meio gol estará bom”, prevê Carlos. 

Elisa, um pouco mais otimista, arrisca um melhor resultado: “Acho que vai ser 2 a 1”.

O chapéu de Carlos é uma espécie de talismã. Foi adquirido, na conquista da Taça de Portugal, no ano passado quando o Porto sagrou-se campeão ao vencer o Sporting Braga por 2 a 0. 

Mas quando se trata do convocado para a Seleção Brasileira de Dorival Júnior, o lateral esquerdo Wendell, o entusiasmo se esvai. “Fiquei surpreso com a convocação do Wendell já que ele ainda não mostrou o que se espera dele no Porto”, resume.

Deixo o mercado, sem antes notar o imenso impacto econômico de uma partida de futebol deste porte. Menos de uma hora para o início do evento, os últimos sanduíches e latas de cerveja são exibidos como troféus de final de campeonato. 

Converso brevemente com o gerente de operações da loja, Fernando Moura, que compara os hábitos de consumo português com o do brasileiro: “O português é igual ao brasileiro. No dia de um jogo como este, consomem mais cerveja. Hoje, por causa do frio, o movimento não foi tão grande”, pontua. 

Quem não se importa com a chuva e os cerca de 12 graus lá fora, contudo, é Dona Maria, que vende capas de chuva. “Só restam quatro agora”, declara.

Adentro a tribuna de imprensa, e fico a aguardar uma certa hostilidade por parte das torcidas. 

Afora as vaias dos portistas sempre que o zagueiro argentino benfiquista Otamendi toca na bola, não ouço nenhum cântico ofensivo de nenhuma das partes ao longo de toda a partida. E o jogo foi uma lavada. Com trocadilho. O Porto se impôs com sobras, e fez 5 a 0 contra um combalido arquirrival Benfica diante de 49 mil espectadores. 

Quatro gols foram marcados por brasileiros: três deles de recém-convocados para a Seleção Brasileira,  Galeno (duas vezes) e Wendell, e um de Pepê. Carlos, Elisa e nem o mais fanático portista jamais poderia antever placar tão insólito.

PORTO 5 X  0 BENFICA

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