RIO DE JANEIRO / Por Daniel Renna / Advogado Especialista em Direito Eleitoral Analista Político
As eleições mais importantes na disputa para presidente da história recente de nossa democracia, Lula x Bolsonaro, terá que reorganizar o país. Porém já temos os números finais para deputados, senadores, governadores, como é o caso do Rio de Janeiro que acabou com a vitória acachapante do Bolsonarista Claudio Castro sobre o Lulista Marcelo Freixo.
Visando as próximas eleições municipais (2024), é imprescindível analisar todo o ocorrido nestas eleições, em especial para deputados federais e estaduais, e nesta área tivemos novas e velhas surpresas.
Em Volta Redonda, maior cidade em número de eleitores do sul fluminense (220 mil), a cidade do aço carimbou e reafirmou que sua maior liderança política é o atual prefeito Antônio Francisco Neto, que elegeu seu desconhecido, porém simpático irmão Munir Neto com mais de 35 mil votos.
Com a eleição de seu irmão, Neto desponta na dianteira das eleições municipais 2024, e terá possivelmente o maior número de partidos na disputa de sua reeleição e da formação da Câmara de vereadores, onde deverá eleger a maioria dos parlamentares.
Todavia, alguns velhos caciques da política “Arigó”, como ex. Deputado Estadual Edson Albertassi, tentou emplacar uma nova liderança na ALERJ, seu sobrinho Betinho. O Comunicador teve boa votação, 22 mil votos, mas não emplacou uma cadeira na ALERJ, e com isso Edson perdeu força de negociação junto ao Governo Estadual. Com a perda de espaço, Edson Albertassi deve voltar a caminhar junto com o prefeito Neto, e buscará se reafirmar como articulador político em 2024, onde terá dois partidos montados para eleger até 4 vereadores.
Apesar de alguns caciques da politica terem perdido espaço, novos pretendentes surgem, como o ex. vereador JARI, que se estabelece como liderança política em Volta Redonda, com suas crescentes votações e carimbado com sua eleição para a ALERJ, com mais 27 mil votos. Agora Deputado Estadual, Jari tem tudo para se solidificar como Parlamentar na Alerj pelos próximos mandatos. Fica um alerta a Jari, vai precisar de assessoria especializada na Assembleia Legislativa, principalmente um assessor que tenha bom tramite na casa. Lá o jogo é “à vera”.
Quem se sagrou com redenção, foi o Deputado estadual André Correa, reeleito pela oitava vez com pouco mais de 50 mil votos. Apesar de não ter emplacado a reeleição do pai, Luiz Antônio, para a Câmara Federal, André chega à Alerj com muita força e o mais importante, a experiência de 8 mandatos.
Outro que também saiu forte das urnas foi o deputado estadual reeleito Gustavo Tutuca. Ele teve votação em todo o Estado do Rio de Janeiro, somando mais de 50 mil votos, porém é preciso atenção para as próximas eleições, pois apesar de ser morador da Cidade do Aço a mais de 9 anos, o Deputado não passou dos 4 mil e poucos votos no município, mesmo com muitos apoiadores. É preciso rever a estratégia política na cidade de maior concentração de eleitores do Sul fluminense.
Ainda entre as lideranças e suas vitórias para a ALERJ, O prefeito de Angra dos Reis, Fernando Jordão mostrou sua força, conseguiu reunir várias lideranças estaduais em torno da candidatura de sua esposa Celia Jordão e a reelegeu como Deputada Estadual com quase 50 mil votos. O trabalho de Célia foi feito durante 4 anos por todo estado, onde ela tinha seus gabinetes regionais. Em Volta Redonda, o trabalho da Deputada é feito pelo ex. vereador Carlinhos Santana.
Mas nem tudo são flores, outros prefeitos tiveram duro golpe não reelegendo seus “pupilos”, caso de Rodrigo Drable, prefeito de Barra Mansa, ele foi cabo eleitoral de Marcelo Cabelereiro, que não conseguiu sua reeleição, porem teve votação expressiva, 31 mil votos, sendo em Barra Mansa 21 mil votos, assim, apesar da derrota de seu candidato, Rodrigo Drable demonstrou ser a principal força política da cidade.
Já entre os deputados Federais, não há muito o que se comemorar no sul do estado, pois as lideranças que existiam perderam suas reeleições para o congresso nacional, como o Delegado Antônio Furtado. Sua votação surpreendeu alguns que não acompanhavam de perto a política, porém não surpreendeu os analistas da região, que sabiam que o Delegado não se reelegeria. Furtado foi bem votado com 34 mil votos, bem distante dos seus 104 mil votos de 2018. Um dos caciques da política Volta-redondense e seu orientador político havia lhe avisado: “Volta a ligar sua imagem a Bolsonaro, pois só assim você poderá vencer essas eleições”. Mas o Delegado não aceitou, deu no que deu.
Outro que também não se reelegeu foi Vinícius Farah, o ex. prefeito de Três Rios não logrou êxito em sua reeleição à Câmara Federal. Vinícius teve boa votação, 38 mil votos, e ficou na suplência do partido. Mas dificilmente Farah ficará distante da política nacional, pois geralmente o 1° suplente sempre assume, e sem contar que Farah é muito admirado pelo governador reeleito do Rio de Janeiro Claudio Castro, e deverá voltar ao Palácio da Guanabara como secretário estadual.
Teve quem perdeu, mas saiu por cima para futuras eleições, foi o caso do prefeito de Barra do Piraí, Mario Esteves, que apesar de não ter conseguido eleger seu pai Jorge Esteves para o congresso nacional, mostrou força política, conseguindo por nas urnas quase 29 mil votos. Votação superior que o próprio prefeito teve em sua eleição de 2020 para a prefeitura de Barra, quando conseguiu se reeleger com 21 mil votos.
Como sempre afirmo, uma eleição conta a história da outra, 2022 já começou a escrever o que teremos em 2024 e para onde quem quer ganhar ou disputar uma vaga municipal deverá se socorrer. Vamos agora aguardar a definição do presidente e teremos um quadro fechado para análise, até lá.
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